Reprodução
Uma característica interessante dessa espécie é a sua precocidade sexual. Exemplares de três meses,
quando bem alimentados estão aptos à reprodução. James e Sampath (2004) avaliaram a idade necessária para a
maturidade sexual em juvenis de Betta a partir de 30 dias sendo administrado alimento uma, duas ou três vezes
ao dia. Após 77 dias, ou seja, três meses e meio de vida, as fêmeas estavam aptas à reprodução em ambos os
tratamentos, apresentando melhor desempenho reprodutivo aquelas que foram as alimentadas duas vezes ao dia.
O aquário de reprodução
O tamanho do aquário geralmente varia de 10 a 30 litros. Para facilitar o manejo e a manutenção, os
menores são mais recomendados. O fundo e a parede de trás pintados de preto tem o objetivo de evitar o estresse
durante a reprodução e facilitar a coleta dos ovos quando eles caem no fundo. Os equipamentos necessários são:
material para iluminação, termômetro, aquecedor com um termostato, uma tampa de vidro para evitar a saída do
ar quente, importante à sobrevivência dos alevinos, um tufo de planta, que pode ser de samambaia aquática ou
cabomba, para que a fêmea possa se esconder dos ataques, muitas vezes, violentos do macho.
A escolha do casal
Para seguir uma determinada linhagem, deve-se procurar um casal parecido (nas características de
cores, caudas, formato do corpo, agressividade, etc), mas se a intenção é ousar ou reproduzir somente de forma
doméstica, pode-se escolher aleatoriamente.
É importante que o macho seja maior que a fêmea para facilitar o "abraço nupcial". Ambos devem ser
ativos, agressivos, apresentarem cores vivas e responderem prontamente quando lhes são oferecidos alimentos.
Quando próximo do acasalamento, a fêmea deverá ter a cavidade celomática levemente abaulada,
apresentando listras bem nítidas na vertical com aparecimento de um pequeno ponto branco semelhante a um
ovo no orifício anal, referente ao aparelho ovopositor
Escolhido o casal, é necessário reforçar a alimentação com uma dieta rica em proteínas, principalmente
para o macho que, durante o processo de reprodução e manutenção dos alevinos, não irá se alimentar e poderá
emagrecer bastante. Essa alimentação deve ser dada duas semanas antes até uma ou duas semanas após a
reprodução.
A variação da alimentação nessa fase é muito importante. A utilização de alimentos vivos, além de
serem considerados de ótima qualidade, estimula bastante o apetite dos animais. A artêmia salina é o alimento
mais recomendado por possuir em sua constituição um nível acima de 60% de proteína bruta. Outros alimentos
Introdução dos peixes no aquário de reprodução
O aquário deve ser montado em um local tranqüilo e com a água estabilizada por pelo menos três dias.
Caso haja necessidade de utilização imediata do aquário, a água deve ser tratada para a retirada do cloro,
utilizando 100g de Tiosulfito de sódio para cada litro de água (Giampietro, 2006), uma vez que os peixes, de
uma maneira geral, são muito sensíveis ao cloro, mesmo em baixíssimas concentrações (< 0,02 mg/l).
A coluna de água deve ser baixa, geralmente de 10 a 15 cm de altura. Acessórios, como cascalho ou
filtro biológico de placas, devem ser evitados, pois dificultam a coleta dos ovos pelos reprodutores.
Após a temperatura estabilizar em 27ºC e o pH estiver próximo da neutralidade, coloca-se a fêmea no
centro do aquário. Essa deverá estar dentro de um recipiente (garrafa ou pote transparente), com o nível da água
no mesmo nível da água do aquário. A partir desse ponto, a luz ficará acesa até o final do processo reprodutivo.
Tampa-se o aquário para evitar que o calor dissipe e coloca-se um pedaço de isopor no canto para que
sirva de suporte para o ninho. Em substituição ao pedaço de isopor, pode-se utilizar uma folha de alface. Ao
mesmo tempo em que essa serve como suporte para o ninho, possibilita também a produção de alimentos para os
alevinos, como algas, bactérias e protozoários.
A movimentação de pessoas em torno do aquário pode interferir e até mesmo inibir a reprodução. Nas
próximas 24 horas, o macho irá cortejar a fêmea e produzirá várias bolhas de ar embaixo do suporte. Segundo
Jaroensutasinee e Jaroensutasinee (2001), o tamanho do ninho é proporcional ao peso e ao comprimento do
macho, o que não é confirmado por Giampietro (2006; informação verbal).
Após o macho construir o ninho de bolhas, solta-se a fêmea observando o comportamento deles. O
macho vai tentar persuadi-la para baixo do ninho. Se o macho for muito agressivo, dando mordidas e arrancando
nadadeiras, deve-se prender a fêmea por mais algum tempo e tentar novamente mais tarde. Caso não dê certo, a
fêmea escolhida deve ser trocada por outra.
O abraço nupcial
Depois de aceitar o convite, a fêmea irá para baixo do ninho em direção ao macho. Nessa hora, o macho
dará o "abraço nupcial" , que consiste no acasalamento dos peixes, quando o macho pressiona a fêmea,
expulsando seus óvulos e, ao mesmo tempo, fertilizando-os com seus espermatozóides. O Betta é uma espécie
ovípara, ou seja, os óvulos expelidos pela fêmea são fecundados na água e se desenvolvem fora da barriga da
mãe.
Os ovos cairão até o fundo onde o macho os pegará com a boca, colocando com cuidado um a um
dentro das bolhas do ninho. Algumas fêmeas ajudam o macho no processo de recolhimento dos ovos fertilizados,
mas isso não é uma prática muito comum. Esse ritual deverá se repetir por várias horas. Geralmente são
expelidos de 100 a 600 ovos, dependendo da idade e do tamanho da fêmea.
Após a desova, deve-se retirar imediatamente a fêmea com cuidado para que o ninho com ovos não seja
danificado, pois o macho pode ficar agressivo na tentativa de defender a prole. Na maioria das vezes, a fêmea,
A eclosão dos ovos
O macho deverá revirar o ninho a todo instante, o que possibilita um maior aporte de oxigênio para os
ovos, prevenindo a infestação por fungos. Entre 24 e 48 horas após a desova, as pequenas larvas eclodem. Por
um período de aproximadamente três dias, elas se alimentarão exclusivamente do saco vitelino e ficarão
penduradas numa posição vertical seja no ninho, na parede do aquário ou mesmo nas plantas .
. Larvas com um dia, fixados no vidro do aquário e nas
bolhas.
O macho ajuda as larvas a se fixarem no ninho até que elas estejam aptas a nadar na horizontal e
procurar seu próprio alimento, o que acontece por volta do quinto dia de vida. A partir desse momento, ele
poderá ser retirado do aquário de reprodução, e a luz, que antes ficava permanentemente acesa, poderá ser
apagada durante a noite.
Como os alevinos ainda não possuem o labirinto formado, é necessária uma boa quantidade de oxigênio
dissolvido na água, o que pode ser feito por meio de aeração suplementar com um soprador ligado a uma pedra
porosa. A tampa de vidro não pode ser retirada, a fim de evitar-se modificações bruscas na temperatura, o que
poderá prejudicar o labirinto em formação e causar a morte dos alevinos. A formação do labirinto se inicia por
volta da terceira e da quarta semanas terminando aos três meses de idade
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